terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Danças com Estrumpfes

Pois é! Também fui ver o Avatar!
Pois foi... O Avatar...
Bom... Por onde começar?
O filme é espectáculo, do início ao fim. Agora, se é bom, é uma história completamente diferente.
Imaginem o Titanic. Montes de dinheiro para gastar, uma história com clichés matusaléns, uma grande direcção artística, uma miserável de uma história e espectáculo a dar.
Parabéns, Cameron. Conseguiste fazê-lo de novo!
James Cameron é um entretainer assumido. É verdade. É uma máquina de gastar dinheiro e de produzir ainda mais dinheiro. É um jogo do Monopólio ambulante. E perfeccionista ainda por cima.
Com o Avatar, tal como o Titanic, uma pessoa não fica aborrecida. Vê-se tão bem como se ouve a Céline Dion a cantar o My Heart Will Go On. Mas depois sai-se do filme e pensa-se: "Ena pá! Que porcaria de história!"
E é isto.
É claro que no filme nem sequer nos perguntamos porque raio é que os na'vi têm tranças desde que nascem (a vida intra-uterina dos na'vi deve ser cheia de surpresas) e que na ponta das tranças têm uma espécie de ligação USB (não estou a gozar) que fá-los comunicar com as diferentes espécies do planeta. Isso nem sequer se apresenta.
Mas o que é facto é que já estamos FARTOS de ver esta história milhares de vezes. Nunca no espaço, mas isto é uma cópia descarada do Danças com Lobos, só que com um final feliz e homens-gato azuis no lugar de sioux. Enquanto o Danças é feito de uma maneira contemplativa e terrível com o seu final, o Avatar apenas tem mais acção e ainda mais clichés.
Uma das coisas que me irrita nestes filmes de "ganhar óscares e conquistar plateias" é que tudo cai nos sítios certos porque é tudo previsível. A partir do momento em que se sabe que só houve cinco cavaleiros de toruks (penso eu que era assim que lhe chamavam), apercebemo-nos: "Ah! O herói vai ser um!" E sabemos de caras que aquilo vai correr tudo bem que a certa altura que a certa altura já estava a torcer pelo mau da fita, porque sabia que ele haveria de morrer. Por outro lado é um bocado preocupante a maneira leviana como o protagonista encara (mesmo que tenha um fétiche furry ou os instintos na'vi também estejam a despertar na mente adormecida do seu avatar ou até que esteja farto de ser paraplégico) a sua perda de "humanidade" por uma... ahm... "na'vidade". E a sociedade dos na'vi é tão perfeita. Não há nada que lá seja um problema. Nem sequer há violência, só em casos de força maior. Isto são uma versão mais adulta dos estrumpfes! Parece-se como viver no second life. Só os humanos é que são maus. Pronto, OK. Tudo bem. Serve a história e isso é o que interessa.
O filme não prima por boas representações, a melhor delas é a de Sigourney Weaver, que já é veterana em filmes deste género e está a fazer de avatar para o James Cameron (também não estou a inventar). Sem dúvida a melhor personagem é do Quaritch, que é o mau da história e é um colosso. Quer dizer... Ele dispara contra um alvo armado em movimento sem precisar de respirar. Ele salta de uma nave a explodir enquanto cai, sem poder respirar (deve ser campeão de apneia) e ENQUANTO ESTÁ A ARDER! Isto é o que o Terminator gostaria de fazer se fosse espectacular o suficiente. Com um mau destes, como é que poderia estar a torcer pelo bom?
Agora, em termos técnicos de efeitos visuais, sem dúvida que o Avatar merece qualquer tipo de prémio que lhe possam dar. É sem dúvida merecido e esmeraram-se. O "cotão" (como uma amiga minha chamou às sementes da árvore mãe) a flutuar é, para mim, a mais bonita invenção em termos pandorológicos. É sem dúvida uma festa para os olhos.
Em termos de soundtrack temos o habitual James Horner, que nunca falha a sua presença em filmes destes, que junta uns lugares comuns do seu trabalho (ouvimos os batuques e a voz húngara de Apocalypto e o piano do Uma Mente Brilhante). Portanto, não é assim grande coisa. A única altura verdadeiramente original é a faixa que cobre a queda da Hometree e o seu rescaldo.
No fundo, não irá ser um dia bom para Hollywood quando Avatar for escolhido como vencedor (óbvio) do óscar de melhor filme e melhor realizador.
Nota final: 6

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