sábado, 21 de novembro de 2009

O Fim do Mundo

Parafraseando o Tubo de Ensaio, 2012 é daqueles filmes em que uma pessoa sai do cinema deixando para trás bocadinhos de pipocas e de edifícios.
Ora bem. O 2012 está para o Dia Depois de Amanhã como o primeiro Transformers para o segundo. Este é maior, mais ruidoso, mais destrutivo, mas não necessariamente melhor.
Mas o que é que o faz melhor do que o Transformers? Por duas coisas:

1- Roland Emmerich é mais contemplativo e não tem aquela maravilhosa mania da câmara histérica, que parece as hormonas dum miúdo de 13 anos.
2- Roland Emmerich assassina as ciências da mesma maneira despreocupada do Michael Bay. Mas ao menos assassina ciências menos óbvias que o Michael Bay (ainda estou atravessado com aquela de Petra e Gizé serem em Eilat, Israel, que, pelos vistos, está do outro lado da Jordânia para quem vem do Cairo).

E isso faz toda a diferença. Enquanto o Mike teria posto os heróis a atravessarem o Pacífico numa avioneta, o Rollo ainda os faz ir a Las Vegas "buscar" um Antonov. Benditos os tempos em que o Mike fez o Armageddon e ainda estava contido nessa sua demanda de torpedear o "willing suspention of disbelief".
(OK, era mais fácil treinar astronautas para serem perfuradores do que treinar perfuradores para serem astronautas, mas isso não é daquelas coisas em que facilmente pensamos enquanto estamos no cinema.)
Passando este ponto. Em 2012 podemos apreciar quantas vezes é que uma pessoa pode escapar de ser morta por alguma espécie de catástrofe natural (sem dúvida a Amanda Peet e o John Cusack batem todos aos pontos, conseguem fugir de um abismo a abrir-se à frente ou por detrás deles por 6 vezes, escapam 2 vezes a uma nuvem piroclástica e passam por 4 vezes através de estruturas a ruir, saltam de um avião de carga dentro de um Bentley e ainda escapam ao maior tsunami da História desde os tempos de Noé com um aplond invejável.).
Pelo lado positivo da história: São nos apresentadas mais de 40 personagens diferentes e não nos perdemos. Os gráficos de CGI estão absolutamente fabulosos e há cenas de destruição deliciosamente gratuitas (eu tenho a certeza absoluta que a cena do Vaticano foi só para poder meter o tecto da Capela Sistina a rachar precisamente entre os dedos de Deus e Adão). A primeira parte (que este filme é de tal maneira grande que tem intervalo) é a melhor das duas. Vemos a tensão a acumular-se gradualmente até à melhor cena do filme que é a fuga de Los Angeles, digna de figurar entre o congelamento de Nova Iorque do Dia Depois de Amanhã e a bola de fogo no túnel do Dia da Independência como as melhores cenas de Roland Emmerich. Ainda temos as tiradas de humor negro típicas de um filme deste género (A última cena do Charlie, as velhinhas a guiar, e a cena do Bentley são as mais óbvias, mas há mais).
Do lado mau temos o fim que não têm a mesma emoção que o início. Tal como qualquer filme de desastre pega em todo o tipo de clichés, por mais velhos que sejam (eu já estava à espera de ver uma loura atada a uma via férrea por um vilão de bigodes retorcidos e chapéu alto mas isso não aconteceu). Não que o uso de clichés seja totalmente mau. O Moulin Rouge! é uma verdadeira floresta de clichés mas não deixa de ser um dos meus filmes preferidos. O que é mau neles aqui é que tornam o filme formulaico conseguimos praticamente ver a mesma estrutura deste filme no Dia Depois de Amanhã e no Dia da Independência... O que é pena. E o tamanho deste filme torna-o cansativo e depois de tudo o que se passou, o fim parece pecar pela falta de acontecimentos ultra-emocionantes.
Por isso eu dou-lhe um .

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