domingo, 19 de outubro de 2008

A Queda

Depois de eu ter saído à rua, ontem depois de ter chovido. Foi então que eu fui assaltado por um pensamento filosófico. Porque é que as pessoas se agarram umas às outras para não escorregarem? Han?

Partindo do princípio que as pessoas são inteligentes ao ponto de saberem que a outra tem tanta probabilidade de cair como a primeira, só me resta concluir que é para a outra pessoa também cair.

Talvez, como são muito sociais, não se queiram ver a cair sozinhas. Não interessa que levem com a outra pessoa em cima, ao menos podem conversar com alguém enquanto caem e atingem o chão. Até dão o braço que é para se estatelarem muito amiguinhos.

Talvez sejam apenas sádicas. Podem cair redondas no chão, mas querem que as outras vão ainda mais depressa. Até as empurram. “Isso! Chafurda aí na lama! MUAHAHAHAHAHAH!” “O que é que me estás a fazer?” “Eu? Ah, nada… Desculpa.”

Ou talvez sejam umas Madres Teresas de Calcutá e partilhem tudo o que lhes aconteça na vida. Partilham a casa, partilham a comida, partilham a cama, partilham o dinheiro, sentem que vão cair e num acto de caridade, agarram-se a todas as pessoas que estejam ao alcance dos seus braços e ‘bora partilhar uma queda! Iupiiiiiii! BAM!

Que experiência de grupo tão agradável. Eu pessoalmente insiro-me no grupo das anti-sociais que gostam de cair sozinhas, longe de todas as outras, portanto eu não compreendo essa necessidade de queda em grupo. Mas pronto… Talvez, as raparigas compreendam. Se elas até vão pôr a conversa em dia para a casa de banho, são todas meninas para gostar de quedas em grupo.

E isto também dá que pensar. Se estes idiotas sociais, sádicos e caridosos são os mesmos que vão para as estradas provocar acidentes, o que é que lhes passará pela cabeça? “Epá, hoje estou a sentir-me social. ‘Bora esmagar aquele senhor que tem uma Nossa Senhora de Fátima no tablier até à morte naquele rail.” Ou então, “Vou ter um acidente. Vou acelerar até àquele Punto só para poder partilhar este meu acidente.” Os sádicos não devem pensar nada. Esses levam apenas umas quantas shotguns só para o caso de, se tiverem um acidente, pegarem na shotgun e dispararem contra todas as pessoas que lhes aparecerem à frente enquanto não chocarem contra aquele carro que tem um autocolante com o Vitinho a dizer “Bebé a bordo”, embora o dito bebé já esteja na Universidade.

São um bocado estúpidos esses autocolantes. É o mesmo que trazer um papel às costas a dizer: “Não me batam.” “Oh meu Deus, o meu carro está a derrapar e eu vou esmagar-me contra o carro do autocolante! Não! Eu ainda posso salvar o dia!” E dá uma guinada para a direita e entra em rota de colisão com o EasyBus repleto de criancinhas que vão para a creche. Fim da história.

Pensem nisto e durmam bem.

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