Eu, confesso que nunca fui um grande fã de Britney Spears... E não é com isto que eu também vou lá. A única música que eu gosto dela é o Toxic. Já tinha ouvido o Womanizer e era o habitual da Britney. Agora, o Circus que saiu há pouco tempo fez-me ir dar uma espreitadela ao CD através do magnífico serviço que os senhores do Youtube fazem ao mundo da Música. As músicas têm, no global, menos força que as de Blackout. Estou a lembrar-me de, por exemplo, Piece of Me, o último grande êxito de Britney que era das músicas mais apropriadas para um remix de discoteca que eu já alguma vez vi e tinha um ritmo imparável. Comparemos com o pobre Womanizer que tem o seu quê de rítmica, mas não consegue chegar aos calcanhares de Piece of Me. No entanto Circus é uma bela surpresa, também no habitual estilo de Britney, mas com uma melodia que funcionava melhor com o ritmo que era suposto dar e aquela variação de tom utilizada no fim do pré-refrão. No Out from Under ou o My Baby temos umas baladas que me faz lembrar, de certa forma, o I'm Not a Girl, Not Yet a Woman, mas muito pop para resultar senão apenas como música de fundo. Unusual You e Blur são, provavelmente as piores músicas alguma vez escritas para Britney (pois, que ela raramente compõe as músicas, apenas as canta), um amontoado monocórdico de notas que se sucedem como uma morte lenta (Blur vai ao ponto de utilizar um efeito sonoro que me faz lembrar o MSN) . If You Seek Amy, ("tentem dizer isto depressa" dizem os críticos... se souberem inglês e se, sobretudo, souberem soletrar inglês, eu aconselho a fazer o mesmo, mas para ver o nível de convencimento a que ela chega). Tem um certo ar de música de Natal com duendes a cantar sob o efeito de crack. O melhor desta música é a descendente do refrão que começa com "All of the boys" para de repente travar numa nota que se repete antes de descair para um meio-tom abaixo (em "Amy"). É a música de Britney com mais força desde Piece of Me. Mannequin é outra música com nota negativa, mas que, sempre tem mais mérito que Blur pois o seu propósito é estar distorcida e desafinada. Lace and Leather é a habitual Britney Spears, não acrescenta nem tira nada a este CD. Podia passar sem ela. Mmm... Papi é uma música que, no mínimo tem piada. É de tal maneira sexy, atrevida e psicadélica que já escandalizou vários críticos mais puritanos pelo facto de ser hiper explícita. Mas é de tal maneira animada que depois de um Blur catatónico, é como chegar a uma festa. Shattered Glass é escrita num modo menor, quase doloroso, que funciona bem com toda a canção que, de facto, é o mantra dos ressentidos. E a onda de ruído que acompanha o "Lying shattered glass" é a cereja no topo do bolo.
Mas a coroa deste CD é, sem dúvida alguma, Kill the Lights. Começa normalmente, como uma música de discoteca e começa lentamente e vai ganhando corpo (e mostra que Britney consegue evitar a sua vozinha nasalada em "There's more to me than what you see") até começar com o refrão. Uma sequência de cinco notas que se sucedem numa sequência cada vez menor são de tal maneira bem escolhidas que nem parecem fazer parte de uma música da Britney Spears. É sem dúvida uma canção de ódio. De novo o alvo são os papparazzi, mas enquanto em Piece of Me, Britney era sarcástica, desta vez é uma verdadeira discussão com os fotógrafos. Talvez por saber o que se passa na vida de Britney, não deixo de notar a sensação de tragédia pop que lhe está inerente ao tom sombrio.
Eu acho irónico o facto de este CD se chamar Circus, pois foi nisto que a vida dela se tornou. Um circo em que ela é a apresentadora, a equipa de acrobatas e o palhaço. Desde a fúria e o ressentimento com o Federline (Womanizer, Out From Under, Shattered Glass), aos problemas com os filhos (My Baby) e ao facto de toda a gente estar vidrada nela (Kill the Lights, If You Seek Amy), não deixa de se sentir uma sombra negra no fundo deste CD. A sombra de uma estrela decadente que gostava de provocar escândalo e agora está a pagar o preço por isso. Quanto à nota final, pelas músicas e pelo que transparece delas dou-lhe: 6
PS: Eu gosto da participação especial de José Castelo Branco no Mannequin. Ora digam lá se ele não está bem? Esperem pelo refrão.
sábado, 13 de dezembro de 2008
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