domingo, 14 de dezembro de 2008

Palestina no Coração

Eu acho verdadeiramente espectaculares (vocês já devem estar fartinhos desta expressão) aquelas coisas que põem nas autoestradas para abafar o ruído. Eu vou muito bem pela A1 em direcção ao Norte e não é que me começo a sentir rodeado de paredes de um tom de verde super-hiper-mega-ri-soturno. Eu senti-me literalmente a andar por um corredor do Egas Moniz, em vez da A1, a rolar numa maca, em vez do coupé. E isso é preocupante, porque eu comecei a sentir-me um doente em vez de um passageiro. Já só estava à espera de passar pela secção de oncologia da A1 e por um cartaz publicitário do Fernando Pádua a avisar-nos que é Natal, mas que é melhor não abusar do bacalhau durante a Consoada por causa do nosso coraçãozinho.
Eh, pá... Que carrada de idiotas pululam por aí. Quem é que gosta de, em vez de ver a magnífica Lezíria do Tejo, ver uma parede com um tom de cor ainda mais suspeito do que a cor de cabelo do Diogo Amaral na Floribella.
O único outro sítio do Mundo que se pode comparar à A1 é... a fronteira entre a Palestina e Israel, que também tem placas de betão a separar os palestinianos dos israelitas que, riam-se vocês do Muro de Berlim. A única diferença é que aquilo aguentaria com um míssil atirado contra a parede, enquanto, que aquelas placas de betão da A1 estremecem sempre que pousa um pardal lá em cima.
Vá lá... Usavam árvores. Abafavam o ruído e não destruíam a paisagem. Não era preciso fazer um paredão que mais parece para praticar fuzilamentos para abafar ideologias (lá estou eu com a Mafalda de novo), em vez de abafar ruídos. Não me digam que ainda não tinham pensado nisso.
A não ser que seja para fomentar a arte urbana, porque os writers todos devem estar ansiosos por pintar aquilo tudo de cima a baixo. Deixem de passar pela A1 com a BT e vão ver. Até as lâmpadas vão ficar de cores diferentes, a parecer luzes de Natal que projectam tags pelo chão da autoestrada fora. Fiquem com estes pensamentos e... adeus.

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