sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Humor em Ecrã Panorâmico

Ou é impressão minha, ou o que eu estou aqui a fazer vai ser o meu post mais famoso e também o mais fraquinho (vejam o Sleepless in Trieste para verem do que sou realmente capaz). E isto porquê? Porque eu vou falar dos programas de humor.
Comecemos pela SIC, não é por mais nada, mas para servir como ponto de comparação aos outros dois. E na SIC temos nem mais nem menos que os lendários (ou não...) Gato Fedorento. Eu sei, que entre a RTP e a SIC há diferenças. Também sei que não podiam fazer um papel e químico do Diz que É uma Espécie de Magazine mas pronto. O que é que está melhor? O genérico! De resto... perdeu qualquer coisa, para além do bigode do Zé Diogo Quintela que foi uma piada que se esgotou muito rapidamente. Sim, temos sketches com piada: o "Carjaquim" ou o "Gato Fedorento Salva o Universo" com o Cavaco Silva e provavelmente uma piada subtil mas muito bem apanhada da acumulação de "vocês" desncessários na "Lista de Factos", mas de resto, não traz assim nada de muito novo. O Tumba! é a sequela dos Tesourinhos Deprimentes e as músicas são cantadas pelos próprios Gato Fedorento. Não que eu tenha alguma coisa contra, sempre nos poupa ter de ouvir a "elite" de "cantores" (estou a usar ironia) portugueses. Mas o que é facto é que no fim de isto tudo, acaba por ficar com um ar um pouco mais desmazelado do que aquele ponto em branco que era o Diz que É uma Espécie de Magazine. Em que é que redundámos? Num clone! Mais uma vez, sabemos que é a SIC de quem nós estamos a falar. Essa mesmo que inventou o Jura e o Vingança (o Alexandre Dumas andaria sem dúvida a fazer aeróbica no túmulo) e que pôs no ar o concurso que conseguiu provar que há dois milhões de porteiras em Portugal que é O Momento da Verdade. Mas parece que, desde que o Gato Fedorento foi para a SIC houve uma certa flutuação no seu QI. Só que para pior.
Falando em flutuações de QI temos talvez o mais frustrante show de televisão alguma vez montado que se dá pelo nome de Os Contemporâneos. Como é que é possível que os sketches passem de profundamente estúpidos (Metade dos sketches do Chato, e o Homem que Conta Demasiados Pormenores sobre a sua Vida nos Correios, desculpem lá) a paródias inteligentes inclusive de eles mesmos (todo o sketch com o Luís Franco Bastos e a situação do médico a encontrar obstáculos cada vez mais absurdos entre a Sala de Desinfecções e a Sala de Cirurgia). O que lhes acontece é o facto de serem filmados como o último filme do Manuel de Oliveira e as piadas perdem-se no tempo entre uma piada e a outra, porque as pessoas ficam a encher chouriços pelo meio. Precisam de piadas mais rápidas! E já agora, eu acho que o Bruno Nogueira fica melhor a fazer papéis de arrogante do que papéis de estúpido, sobretudo porque não há nada que ele não saiba do manual de "1001 Maneiras de Irritar Pessoas" e sempre nos faz sentir melhor a irritar-nos com A Vedeta dos sketches de "atrás das câmaras" do que a irritar-nos com o desgraçado do HqCDPsasV, que no fundo é mais um deficiente mental anti-social, só que menos exagerado que o Chato! Provavelmente, haveria combinações interessantes a fazer com os bonecos que inventaram, como juntar o Chato com o HqCDPsasV. Ou era a explosão ou ficavam amigos para sempre (depende se querem levar mais para o cómico ou mais para o comovente).
Mas é claro. Depois temos as antípodas d'Os Contemporâneos que é o Caia Quem Caia. Se Os Contemporâneos são os alentejanos do humor, estes tipos são histéricos! São um bando de humoristas sob o efeito de speed e de óculos de sol estilosos. Depois de um episódio de CQC uma pessoa só tem vontade de beber um chá de tília e ir para a cama com um paninho quente na cabeça. As explosões visuais, sonoras são de tal maneira frequentes que se tornam cansativas, repetitivas e obsessivas. Da primeira vez que eu vi um programa de CQC eu pensei que tinha tomado qualquer coisa com LSD's. Ao contrário de Zé Carlos ou Os Contemporâneos, estes três têm um budget quase insultuoso que se derrete em efeitos especiais ou em deslocações ao estrangeiro. E, ironia das ironias, convidaram para o CQTeste o Quimbé que é apresentador de outro programa chamado Quando o Telefone Toca que também utiliza os mesmos efeitos. Mas esse programa é para manter acordadas todas as pessoas que estejam a pé às três da manhã. O CQC é passado no horário NOBRE! Sinceramente, não estava à espera de menos vindo de alguém como o José Pedro Vasconcelos que deve ter o sorriso mais irritante do MUNDO INTEIRO! Depois de uma sessão de animação cartunesca, só me apetece amarrá-los, amordaçá-los e atirá-los para as profundezas do buraco aberto na Avenida da República. Não fosse o ocasional humor espertalhão com que nos brindam, eu desligaria a corrente lá de casa enquanto o estivessem a dar. E porquê? Porque o CQC é a personificação do programa de humor de tal maneira estúpido que tudo o resto se perde no barulho de tentar parecer diferente, quando não o são. Eh pá, tomem uns Xanax e depois voltem cá para ver de que fibra é que vocês são realmente feitos.
E pronto. É isto. Lamento não ter sido melhor. Agora que já arruinei todas as minhas hipóteses de vir a pertencer às Produções Fictícias, tenho de me despedir. A ver se isto melhora um bocadinho, porque com a crise a arrombar a porta do hall, temos de nos manter alegres.

P.S.: Ainda não vi o Um Mundo Catita. Mas quando vir eu faço um post especial só para continuar a crítica.

P.P.S.: Também não sou eu quem vai salvar o humor em Portugal. Sou fraquinho. E também só um terço... vá, 28% das pessoas percebe as minhas piadas. E o que é mais chato é que não são sempre os mesmos 28%.

Sem comentários: