domingo, 9 de novembro de 2008

Wrestling Clerical

O Santo Sepulcro: Um local de paz, pensamentos elevados, amor... e tareia. É verdade. Depois dos jogos de boxe, das manifestações de pessoas oprimidas, da luta livre entre jogadores de futebol e do bullying nas escolas, veio para ficar o wrestling entre monges.
O Santo Sepulcro é um local que, já de si, tem qualquer coisa que se lhe diga pois seis facções do Cristianismo controlam a basílica. É uma daquelas situações de "tu tens estes seis azulejos, e aqueles dois bancos que eu tenho estes dois candelabros e essa coluna." E só para não haver mais conflitos, as chaves da basílica pertencem a uma família muçulmana e que só um membro de outra família muçulmana pode trancar ou destrancar as portas da igreja. E nenhum deles se pode atrasar a acordar, se não querem ver uns monges bastantes insatisfeitos a bater-lhes à porta. E um monge ortodoxo com um arreliado a bater à porta de casa é capaz de tirar o sono a uma pessoa durante várias semanas.
Entre as várias lutas de poder naquela igreja está uma querela sobre um escadote colocado por cima da entrada da Igreja antes de 1852. Ninguém sabe quem é que tem autoridade para a tirar. O telhado que está em risco de ruir não pode ser reparado por causa de uma disputa entre Coptas e Etiópios. Nenhum deles deixa o outro reparar o telhado. E finalmente, por razões de segurança têm de construir uma saída de emergência para as pessoas que lá entrarem, terem de ser evacuadas rapidamente. O único problema é que cada uma das seis confissões tem um local a propôr (na parte que lhes pertence, bem entendido).
Ontem, estavam os arménios a celebrar o aniversário da descoberta da cruz pela mãe do imperador Constantino e decidiram passar pelo Santo Sepulcro que pertence aos ortodoxos gregos. Eles não quiseram, os outros avançaram e virou o caos na Basílica. Tudo o que vinha à mão era arma. Desde incensórios a estandartes, passando pelos candelabros, era tudo permitido. Eu acho que ainda se conseguiram vislumbrar duas machadinhas e uma shotgun no meio da confusão, mas essas foram escondidas antes que desse nas vistas. Só acabou com a intervenção da polícia (de choque, muito provavelmente) que acabou com alguma dificuldade a zaragata.
Um muito batido e esmurrado monge grego diz que: "Tentámos protestar pacificamente, tentámos ao máximo não usar a violência." Não! Não! Só começaram a dar uso àquela máxima que é: "Se um inimigo te oferece uma face, bate nas duas"... Ai é ao contrário? Pois... Esqueçam...
Continuando... Eles só estavam a dar de cheirar o perfume aos outros enquanto os esmurravam com o incensório até à inconsciência. Estavam a dar massagens faciais para a pele deles não se irritar com o after-shave. Estavam em plena sessão de partilha de tareia. Não é bonito e poético? Eu acho. E eu aposto que se tivessem convidado o grupo de Taizé para lá ir dar uma ajudinha, eles até levavam as violas para servirem de mocas.
Aqueles meninos já formam gangues alí dentro. Já usam tatuagens, piercings, ouvem Black Sabbath nos dormitórios e ultrapassam as pessoas na estrada pela direita. E ai de quem os impedir! Eu acho que até os hooligans fogem de rabo entre as pernas quando se vêem perseguidos por um bando de sacerdotes coptas enfurecidos.
A polícia disse que esta não é a primeira vez. E que também não vai ser a última. Ao que parece a última escaramuça na Basílica foi uma discussão entre católicos e etíopes quando um rebuçado Bola de Neve rebolou do bolso de um católico para a parte da igreja que pertencia aos etíopes. Mas isso é lá com eles.
Fiquem bem que a minha vida não é só isto e eu tenho de me ir embora.

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